O Governo do Estado propôs, na tarde desta quinta-feira (02), ao Fórum Sindical – entidade que reúne representantes do funcionalismo público do Estado - pagar 6% da Revisão Geral Anual (RGA) dos servidores em três parcelas.
De acordo com o documento apresentado, o pagamento ocorreria nos meses de setembro deste ano, janeiro e março de 2017. Em cada um dos meses seriam pagos 2% do valor.
Além disso, o Governo manteve a primeira proposta de 5%, em duas parcelas: 2% no mês de setembro e 3% em janeiro do próximo ano, não retroativos.
As possibilidades de pagamento foram apresentadas pelos membros da Câmara Fiscal, composta pelos secretários Paulo Taques (Casa Civil), Paulo Brustolin (Fazenda), Júlio Modesto (Gestão) e José Bussiki (Planejamento).
Eles estiveram reunidos com 28 líderes do Fórum Sindical.
Segundo Paulo Taques, as propostas não foram tão diferentes em relação a última reunião porque as viagens do secretário Brustolin e do governador Pedro Taques (PSDB) a Brasília, na quarta-feira, não trouxeram novos cenários para o pagamento da reposição.
Ele disse, então, que esta foi a proposta definitiva do Governo.
“O secretário Paulo Brustolin não trouxe boas notícias de Brasília. O cenário apresentado pelo Ministério da Fazenda é terrível. Inclusive, lá já chega-se a falar em promulgar leis que congelem os salários nos Brasil por um período de até dois anos”, disse.
“Essa é a proposta para esse momento em que vive Mato Grosso e o Brasil. É a proposta definitiva do Governo. O 6% é o percentual que Mato Grosso pode pagar. Sendo que somente nós e o Paraná estamos negociando RGA. Fizemos essa proposta. E se eles aceitarem, mais a frente podemos discutir até outros acordos”, afirmou.
A proposta deles é impraticável por um único motivo: se fizemos o pagamento cheio, o salário do servidor estará em sério risco de não ser pago no dia
Taques disse que a proposta de pagamento integral da RGA, mesmo que de forma parcelada, é “impraticável”.
Caso os sindicalistas rejeitem, o Estado deve analisar, a partir da próxima segunda-feira (06), a possibilidade de acionar a Justiça contra a paralisação. Segundo Paulo Taques, a Procuradoria Geral do Estado já ingressou com ações contra paralisações na Saúde e Segurança Pública.
“A proposta deles é impraticável por um único motivo: se fizermos o pagamento cheio, ainda que parcelado, o salário do servidor público estará em sério risco de não ser pago no dia e de ser pago de maneira parcelada”, disse.
“Ainda estamos em franco diálogo com os servidores. O diálogo permanece e é perene pelos quatro anos do mandato do governador Pedro Taques. Porém, a partir de segunda-feira, ações legais serão trazidas para debate dentro do nosso Governo”, afirmou.
“Proposta é péssima”
O presidente da Associação dos Servidores Efetivos da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Delegados (Asager), James Rachid Jaudy, classificou como “péssima” a proposta do Governo.
Segundo ele, não era isso que os servidores esperavam e, ainda durante a reunião, a proposta foi rejeitada. A greve das 28 categorias, então, continua, mas, de acordo com o sindicalista, as próximas ações do movimento ainda serão analisadas.
Infelizmente, foi aquém. Isso ai foge totalmente do que foi esperado pelos servidores. O que vamos fazer é continuar com o movimento
“Recebemos pessimamente. Os servidores não gostaram, não era isso que esperávamos, de maneira nenhuma. O que esperamos, agora, é que eles sejam sensíveis. Nós repudiamos essa proposta e dissemos para eles. Esperamos que eles sentem, repensem a situação, e vejam o que pode ser feito”, disse.
“Não tem o que analisar, a proposta foi aquém do exigido pelo servidor público. Infelizmente, foi aquém. Isso ai foge totalmente do que foi esperado pelos servidores. O que vamos fazer é continuar com o movimento”, afirmou.
James afirmou, ainda, que o movimento paredista tem mantido os 30% de servidores trabalhando, conforme determina a lei. Ele disse não temer que o Governo entre com ações judiciais contra a greve.
“É um direito deles [buscar a Justiça], mas o próprio secretário disse que greve é um direito nosso, não tem como contestar algo que é legal. Ele não pode ir contra a Constituição brasileira. Ainda mais um governo que se diz legalista”, disse.
Reprovação
Do lado de fora, centenas de servidores acompanharam a reunião dos sindicalistas com os secretários de Estado. Eles reprovaram a proposta oferecida pelo Governo.
Os grevistas gritaram palavras de ordem, comparando a gestão do governador Pedro Taques (PSDB) com a do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). "Oh, Pedro Taques, cara-de-pau, o seu Governo é pior do que o de Silval", gritam.
Eles chegaram a tachar Taques de “caloteiro”.
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