O pesquisador Admilson Costa da Cunha que atua no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), campus Cáceres, desenvolveu uma cerveja de bocaiuva. O produto, que é inédito no Brasil, foi resultado de uma pesquisa de doutorado de Admilson em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A cerveja apresenta características sensoriais únicas e com forte apelo cultural e regional, segundo o pesquisador.
Admilson contou que a ideia surgiu a partir da experiência vivênciada no projeto de extensão do IFMT com mulheres camponesas no curso de Formação de Preparadora Cervejeira Artesanal. Participaram do curso mulheres dos assentamentos da Reforma Agrária das comunidades do Facão e Roseli Nunes, em Mirassol D’Oeste, a 329 km de Cuiabá.
Durante as aulas, as estudantes chegaram em um consenso e escolheram a bocaiuva como um possível ingrediente para produção de cerveja.
O fruto é muito popular no município e em todo estado, sendo frequentemente utilizado em diversas receitas tradicionais. No entanto, o uso na produção de cervejas é algo novo.
De acordo com o pesquisador, pensando em proteger a invenção e garantir os direitos autorais do produto, o IFMT em conjunto com a UFSM realizou o depósito com pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Por enquanto, segundo o grupo, não existe nenhuma patente de cerveja de bocaiuva registrada no INPI.
“Queríamos desenvolver uma cerveja com um ingrediente que fizesse parte da cultura dessas comunidades e aí chegamos na produção desta cerveja com Bocaiuva. O produto foi desenvolvido juntamente com mulheres camponesas do pantanal mato-grossense e é também uma homenagem a elas”, ressaltou.
A comercialização do produto será feita pelos próprios grupos de mulheres que inspiraram a criação da cerveja, afirmou Admilson.
O fruto
A bocaiuva possui o nome científico de ‘acrocomia aculeata’ e pode ser encontrada em florestas tropicais do Brasil nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo amplamente espalhada pelas áreas de Cerrado.
O fruto tem forte ligação com as culturas das comunidades nos territórios em que são colhidos em atividade extrativista. No Pantanal, ela pode ser componente de receitas típicas de sorvetes, doces, bolos e licores.
Segundo o Horto Botânico do Museu Nacional ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a polpa da Bocaiuva é classificada como rica em cobre, zinco e potássio.
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